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Client: Academia das Artes
Objetivo do texto: resenha cultural
Veículo: instagram Academia das Artes
Data: 17/10/2020
Título: “Bom Dia, Verônica” 
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 Texto

“Bom Dia, Verônica” é uma série adaptada da obra homônima de Raphael Montes e Ilana Casoy que expõe o sistema criminal brasileiro. O cenário principal é uma Delegacia de Homicídios de São Paulo, e em um dia que parecia como outro qualquer, a vida da escrivã Verônica Torres (Tainá Müller) muda a partir do momento em que uma mulher comete suicídio em sua frente. Após a morte da jovem, os motivos do fato passam a atormenta-la e ela começa a perceber o mundo de uma outra forma.

Correndo atrás de rastros cada vez mais fortes, a protagonista precisa lidar com uma resistência opressora no trabalho, e percebe que é a única pessoa disposta a mudar a situação, pois a descoberta do caso resulta em uma série de crimes relacionados. A escrivã descobre muito mais do que deveria, incluindo uma vítima de violência doméstica, Janete (Camila Morgado – que atuação!) uma dona de casa casada com o policial Brandão (Eduardo Moscovis – um monstro) que fazem as cenas mais chocantes e de um realismo brutal e assustador.

Com oito episódios transformados em inteligentes ganchos, a produção tem um tom de “O Silêncio dos Inocentes” e “True Detective”, e compõe uma teia gigantesca. O roteiro é honesto e coeso, encaixando as subtramas de maneira espetacular, com detalhes onde nada soa gratuito. Com isso, pistas são destrinchadas para nos fazer enxergar os detalhes por trás de uma história tão surpreendente quanto macabra.

E sem tem algo que é preciso enaltecer em toda a história, é o elenco, que brilha com personalidades complexas. Dessa forma, Tainá se entrega a uma Verônica que cresce quando deixa seus medos e passa a enxergar o pedido de socorro de outras mulheres menos privilegiadas. Já Morgado e Moscovis merecem destaque porque os atores esquecem a vaidade e mergulham no drama e perversidade de suas atuações.

A obra é a melhor produção brasileira que eu já vi, sobretudo pela coragem de não evitar cenas fortes. Trata-se, portanto, da arte replicando a crueldade da vida, mostrando que nem sempre a justiça é feita dentro da lei, com um final que reflete a realidade tão profundamente que seria impossível ser feliz.